“Nisto sabemos o que é o amor: Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele? Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!” (1 Jo. 3, 16-18)
Assim como São João, o Sumo pontífice,
Papa Francisco, em sua encíclica “Fratelli Tutti”, exorta-nos à vivência do
amor fraterno. Lembra-nos que somos, em Cristo, todos irmãos, filhos de um
mesmo Pai, pertencentes ao mesmo amor, o qual deve nos unir, independente das
fronteiras geográficas, culturais e sociais deste mundo. Somos todos humanos,
somos feitos da mesma matéria, provenientes do mesmo criador – “Então o Senhor
Deus formou o ser humano com o pó do solo” (Gn. 2, 7).
Tendo como pano de fundo o contexto da pandemia
causada pelo coronavírus, a encíclica faz-nos perceber nossa fragilidade humana
e, mais do que nunca, a nossa igualdade enquanto seres humanos necessitados dos
mesmos cuidados, dos mesmos recursos e, principalmente, do mesmo amor. Paradoxalmente,
percebe-se também, de modo ainda mais alarmante nestes tempos, as desigualdades
entre países ricos e pobres, populações dos grandes centros e das periferias, idosos
e jovens. Somos seres constituídos de dignidade, simplesmente por sermos
humanos. No entanto, o egoísmo e o individualismo sobrepõem-se,
por diversos meios, como a ganância e o consumismo, aos valores humanos, aos
princípios e, logo, ao respeito e ao amor fraterno, fazendo com que povos sejam
dizimados, culturas extintas e pessoas segregadas a estratos sociais.
Essa realidade revela-nos o que há muito
tempo o ser humano está construindo: muros, sejam físicos ou sociais. O
isolamento humano sempre aconteceu e continua acontecendo quando se esquece de
olhar para as necessidades do próximo e praticar a virtude da caridade, a qual
nos aproxima de Deus e dos nossos semelhantes. Acontece também quando se é
intolerante às diversidades, selecionando-se apenas o que é agradável à própria
vontade. Hoje, mais do que qualquer outro tempo da história, cria-se um mundo
virtual, onde o ser humano é capaz de se isolar e interagir ao mesmo tempo.
Isolar-se daquilo que incomoda, correndo-se o risco de deixar o próximo sozinho,
à deriva; interagir-se com o mundo ideal, com apenas o que e quem venha a ser
agradável. Assim são construídos os muros do isolamento, mas, por meio de uma
pandemia, a qual nos obriga a distanciarmo-nos até mesmo daqueles que nos
agradam, percebemos que não somos autossuficientes, mas necessitados da
convivência fraternal. Assim também nos alerta o Santo Padre em sua encíclica: “o individualismo radical é o vírus
mais difícil de vencer. Ilude. Faz-nos crer que tudo se reduz a deixar à rédea
solta as próprias ambições, como se, acumulando ambições e seguranças
individuais, pudéssemos construir o bem comum.”
Cristo, pela Sua encarnação, morte e
ressurreição tornou-nos irmãos e irmãs e, como preceito, nos deixou o mandamento
do amor a Deus e ao próximo - “Jesus respondeu: ‘Amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua mente: este é o maior e
o primeiro dos mandamentos. E o segundo é semelhante a este: Amarás teu próximo
como a ti mesmo’.” (Mt.22, 37-39). - Como São Paulo, em sua carta aos Gálatas, concluímos
que somos todos um mesmo povo, uma mesma nação, iguais perante o amor de
Deus - “Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois
vós todos sois um só, em Cristo Jesus” (Gl. 3, 28).
Sejamos, pois, discípulos de Cristo, nosso
redentor, amando-nos fraternalmente, sem distinção, pois assim Deus ama-nos.
GIOVANA FLÁVIA RODRIGUES
Acólita
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