quinta-feira, 9 de abril de 2020

Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo


O TRÍDUO PASCAL

“Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos”.
(2 Tm 2,11)

Os sinais visíveis em nossas comunidades anunciam as celebrações do centro do Ano Litúrgico e de toda a vida da Igreja: a Páscoa do Senhor Jesus. Todas as outras celebrações encontram nessa festa o seu sentido e direcionamento.

A Morte e Ressurreição de Jesus Cristo compõem a centralidade de todo o mistério cristão, solenidade que une a Igreja do mundo inteiro e reflete a fé que a Igreja católica transmite desde os tempos apostólicos. Assim, a Tradição da Igreja edifica a fé com autoridade, anunciando a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, proclamando essa notícia até que ele volte no fim dos tempos: “Anunciamos, Senhor, a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.”

Os dias mais intensos dessa manifestação de fé se encontram no Tríduo Pascal, cuja abertura se dá na Quinta-feira Santa, com a Missa da Ceia do Senhor, comumente chamada de Missa de Lava-pés. Destacam-se nessa celebração a instituição da Eucaristia, como memorial da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, a instituição do Sacerdócio ministerial e o mandato do Amor. A simbologia dessa celebração salta aos olhos e ao coração, colocando os fiéis em sintonia com os mistérios anteriores aos atos da Paixão, pelos sinais da entrega, do serviço e do amor. Além disso, a vigília eucarística é momento propício de vigiar com o Senhor em sua agonia que precede a Paixão (cf. Lc 22, 39-44).

Na Sexta-feira santa, ou da Paixão, a centralidade se torna a Cruz, lenho santo onde Cristo se entrega para redimir a humanidade. O silêncio e a sobriedade encobrem os templos de um sentimento, não de luto, mas de contemplação da Morte de Jesus, uma vez que o sinal não é de derrota, mas de vitória, visível quando o sacerdote eleva a Cruz na Ação Litúrgica. O amor de Deus não tem limites, levando-O a entregar-Se a Si mesmo. Tal amor deve despertar unicamente nos cristãos uma atitude de adoração diante do Madeiro Sagrado do qual pende o Salvador.

O Sábado Santo em si vem carregado ao mesmo tempo de vigilância junto ao túmulo, mas também de espera ansiosa pela Ressurreição do Senhor. O fogo novo que acende o Círio Pascal, as leituras que proclamam a história da Salvação, a bênção da água batismal, a Eucaristia... todos esses sinais e gestos remetem à nova criação, renovada na Vida Nova trazida pelo Filho de Deus glorificado. A exultação se manifesta na solenidade e alegria dos ritos, músicas e sinos, no “Glória” e no “Aleluia”, e se consomem no banquete eucarístico do Cordeiro imolado, que vive para sempre! Assim, a Igreja, Esposa de Cristo, exulta de alegria, pois foi salva das garras da morte e a vida já é vitoriosa pelo Sangue do Cordeiro.

A Páscoa, enfim, é um passo para além da vida e da morte, experimentada por Cristo e prometida à toda a humanidade redimida. O caminho do calvário é, paradoxalmente, o meio para a vida, e não para a morte, pois conduz cada filho de Deus para a experiência da plenitude do túmulo vazio, da Ressurreição.

Outro sinal que nos educa no Mistério Pascal, sinal que estamos vivenciando nestes tempos de Pandemia do Covid-19, é a nossa casa! Sim, pois precisamos cuidar da saúde nossa e dos nossos, e, ao mesmo tempo, vivenciar a Páscoa, nossa maior festa! Deste modo, ouvimos o apelo de Jesus Cristo: “O meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos” (Mt 26,18). Vivamos a Páscoa, preparemos nossas casas e nossos corações. Ele vem celebrar conosco!

FELIZ E SANTA PÁSCOA A TODOS!

CLEYTON W. FERNANDES

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